dia do índio?
Índios foram exterminados sistematicamente pelo Estado desde que o território chamado de Brasil foi descoberto. Em 1943, na ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas instituiu o chamado “dia do índio”. A solenidade citada em material cívico-didático distribuído pelas escolas, eventualmente, também é mote de protestos espalhados pelo país. É o rescaldo de muito sangue derramado por florestas, caatingas, gerais, em que os indígenas devem se acomodar às políticas de tolerância, desenvolvimento e demarcações de terras. O chamado dia do índio, ao contrário da efusiva designação, celebra a morte, os assujeitamentos, os confinamentos e a ameaça de desaparecimentos, sem jamais afirmar a vitalidade.
ecologistas radicais
Há sete anos, Eric McDavid, jovem ecologista, foi condenado a vinte anos de prisão nos Estados Unidos sob a acusação de “conspiração contra propriedade privada relacionada à indústria da carne e infraestrutura estatal”. Denunciado por uma agente do FBI infiltrada na Earth Liberation Front, McDavid foi condenado menos pela denúncia do suposto plano de sabotagem aos criatórios de peixes, ao Instituto de Genética Florestal e às torres de celular. O jovem foi julgado e encarcerado em nome da segurança do Estado e da propriedade.
a criminalização
O encarceramento do jovem ecologista é efeito direto das medidas preventivas de segurança do governo estadunidense, tomadas após o 11 de setembro de 2001, mesmo ano em que o FBI passou a identificar e incluir imediatamente a Animal Liberation Front e a Earth Liberation Front como associações portadoras “de ameaça terrorista”. Era um dos inícios, no século XXI, da tentativa de diluir mais uma vez práticas de sabotagem que têm por alvo a propriedade e o Estado, em exercício do terrorismo contra pessoas.
o que se chama de ecoterrorismo
Aproveitou-se, dessa maneira, na época, para se delinear nos EUA o que passaria a compor na linguagem penal práticas construídas como “terrorismo doméstico”. Não tardou para que, em
2003, um grupo reacionário de reforma legal no Texas propusesse a Ata sobre Terrorismo Animal e Ecológico, e ainda que esta não viesse a vingar na ocasião, trouxe os contornos do que passaria a ser erigido como mais uma modalidade de crime, designado como “ecoterrorismo”, também ultrapassando fronteiras jurídico-políticas de um Estado específico. A construção do que se conceitua como crime é sempre uma criação histórico-política que atende aos interesses dos poderosos e mais uma vez expõe sua circunvizinhança doméstica e domesticada na continuidade do castigo que há pelo menos três séculos se atualiza pela prevenção geral.
princípio da tirania
E como já dizia o libertário William Godwin, no século XVIII, a prevenção é o que iguala o castigo com a suspeita, e nesta equação o que prepondera é o princípio da tirania, mesmo em meio a tantos procedimentos democráticos.
anarchy
Em 2011, diante da permanência de McDavid na prisão e do infindável acossamento pela polícia, ecologistas e anarquistas organizaram protestos exigindo a libertação dos chamados “eco-prisioneiros” e dos demais “anarquistas presos por longo prazo”. Articuladas para junho, as manifestações de 2014 explicitam o embate direto contra o Estado, “em defesa da terra até que todas as jaulas estejam vazias”. Desde a invenção, no século passado, do jornal “Mother Earth” e dos escritos de Emma Goldman e Alexander Berkman, entre outros, os anarquistas amalgamaram lutas imediatas contra a prisão e experiências liberadoras relacionadas à natureza. Diante destas existências libertárias, a manutenção de qualquer corpo preso é inadmissível.
mercado superior
Dizem que a educação é importante, que é um direito e que ela define o grau de sucesso na vida de uma pessoa. Suas instituições já foram filantrópicas, estatais, sem fins lucrativos, mas agora o que mais prospera são as empresas educacionais. Recentemente mais uma universidade foi vendida a uma sociedade anônima educacional. Ela não é a única empresa educacional listada na BM&F BOVESPA. Na era das certificações e de conformações para o mercado, educação é mais um grande negócio empresarial.
big data
Os especialistas da Tecnologia da Informação passaram a utilizar outro termo para se referir aos dados de cada indivíduo: big data. Não mais o caos dos bancos de dados, mas uma tecnologia em que qualquer coisa pode ser localizada e compreendida a partir de uma pergunta. O big data pretende recolher uma quantidade de dados que seria a mesma das informações disponíveis. Não se trata mais de inclusão digital, visto que, todos estão em algum banco de dados. Entretanto, diante do big data, os antigos bancos de dados tornam-se rígidos, hierarquizados e obsoletos. Agora o big data recebe informações constantemente. Desse modo, a disponibilização de dados, de alternativos e hackers, de militantes ongueiros passando por profissionais da segurança eletrônica, fortalece ainda mais o monitoramento.
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