Pesquisa sueca revela: aumento do consumo de carne e laticínios pode ter efeitos devastadores sobre clima. Mudança de hábitos alimentares deveria começar rapidamente
Por Taís González
O Painel Intergovernamental da Mudança do Clima (IPCC) afirma ser imperativo evitar que a temperatura da terra eleve-se em mais de 2ºC, em relação aos níveis pré-industriais. Para tanto, instituições como o Programa da ONU para Meio Ambiente (PNUMA) já haviam alertado para a necessidade de reduzir o consumo de proteínas animais. Agora, cientistas da Universidade de Tecnologia Chalmers, na Suécia, deram caráter preciso a esta recomendação. Um estudo recente realizado por eles calcula que, caso não haja mudanças na estrutura de produção e consumo dos alimentos humanos, as emissões de gases do efeito-estufa provenientes da pecuária (óxido nitroso e metano) podem dobrar, até 2070. Ela passará das 7,1 gigatoneladas, registradas em 2000, para 13 gigatoneladas, em 2070.
Os números importam muito. De acordo com a pesquisa, a criação de animais é responsável por 25 a 30% dos gases de efeito-estufa produzidos pela atividade do ser humano. Significa que, para alcançar a meta de limitar o aquecimento global em 2ºC e evitar as piores consequências das mudanças climáticas, não basta reduzir a queima de combustíveis fósseis.
“A mudança de dieta exite um longo tempo. Já deveríamos estar pensando em como tornar nossa alimentação menos perigosa para o clima”, afirmou Fredrik Hedenus, um dos autores do estudo. O cientista acredita que uma dieta vegana pode reduzir até 95% dos gases de efeito-estufa procedentes da alimentação (aqui, em sueco). Hedenus defende o imposto sobre o carbono para o setor pecuário, mas admite que esta é uma ação complexa. “O problema fundamental que temos hoje é que a pecuária não paga pelos seus custos climáticos. No entanto, é difícil taxar as emissões do setor, já que essas emissões consistem principalmente do metano dos estômagos do gado e do óxido nitroso dos campos.”
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