anarquismos e anarquistas
Muito bem. Durante muito tempo, os anarquistas foram relacionados aos terroristas, depois aos baderneiros e agora a vândalos. Muito bem, entre os anarquistas há também o Black Bloc, forma tática de expressão do insuportável. E ele está por aqui e pelo planeta. Diante da baboseira toda do pacifismo e da moderação – que pede consentimento à polícia para se manifestar e ao mesmo tempo honrá-la e aos governantes suplicando-lhes melhorias –, há os que não toleram ser atraídos aos negócios e às agendas. Não aguentam mais os efeitos do neoliberalismo e toda sua cultura democrática modulável, e atacam fachadas de empreendimentos capitalistas, preferencialmente os bancos.
insuportável
A seu modo escancaram que melhorar é antes de tudo ser moderado e amar sua condição de quem suplica migalhas; que a polícia protege o capital antes dos bens públicos; que estes são monumentos erguidos pelos governos das dominações, sejam elas democrático-representativas, participativas, e até mesmo fascistas. Houve a redução dos saques! Houve de certo modo uma politização contestadora que se traduz em revolta. Antes de nivelar o que se passa aqui com o que acontece no exterior ou de julgar por a priori, algo de novo, ainda que tardiamente, se faz atual. À confusão proporcionada pelo vazamento da moderação, expressos por marchas e passeatas consentidas, a tática Black Bloc imantada em certos contestadores explicita que ainda há uma ponta de vida que questiona os partidos e não se contenta com o conforto das redes sociais e eletrônicas, mas as atravessam para alertar.
para além do pleonasmo
No Rio de Janeiro, após os protestos de junho, certas manifestações não cessaram. Concentrados em frente à propriedade do governador do estado, os protestos têm agora como alvo a violência da polícia carioca a tais manifestações. Como reação, o governo criou rapidamente a “Comissão Especial de Investigação sobre o Vandalismo” (CEIV). Sob a argumentação de “inconstitucionalidade”, certos juristas, militantes dos Direitos Humanos, pressionaram e conseguiram a alteração do texto original que previa a entrega imediata, por operadoras de telefonia e provedores de internet, de informações de seus clientes às investigações policiais. Desse modo, não aboliram a Comissão. Preservaram as chamadas “quebra de sigilo” como competência judiciária. Portanto, diante da instituição da Comissão e das permutas em seu redor é preciso berrar mais alto e para além do pleonasmo “contra a violência da polícia”. É preciso ampliar o grito contra a existência do que constitui a própria violência consentida, isto é, o Estado.
pensando?
A FLUPP Pensa, evento preparatório para a Festa Literária Internacional das UPPs inspirada na FLIP, teve sua segunda edição realizada neste mês com a presença de literatos estrangeiros. A proposta é formar leitores e escritores nas favelas pacificadas e estimular a polícia a pensar no assunto junto com os moradores. São realizados encontros tanto nas favelas como na Academia da Polícia Militar que forma os policiais que servem nas UPPs. Como se não bastasse o investimento em formar jovens cordatos e amantes da ordem, o governo carioca estimula agora o empreendedorismo de servis lite-ratos.
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