por Cláudio Everaldo dos Santos
Escorado em uma das laterais de uma janela, uma janela planejada, não uma janela qualquer, mas uma dessas que servem a um propósito -todas permitem ver- esta, no entanto, parece atender a outros propósitos. Talvez apontar, identificar, planejar e ate executar.
A janela não é de uma casa qualquer, em que vizinhos observam o vai e vem de pessoas muitas vezes amigas, outras vezes não tecendo comentários, em que a mãe vigia os filhos, e o jovem corteja a jovem caminhante. Esta é uma janela construída por Generais, e, para estes a vida comum, o bate papo na janela não tem sentido. Este espaço propositalmente deixado em meio às resistentes paredes é um observatório.
Quantos Generais ali estiveram? Naquela mesma parede, com o mesmo objetivo? Em algum desses livros de história, aquela cena já foi retratada. A pessoa escorada na lateral, tomando o cuidado de não ser vista, no entanto deseja ver e lança o olhar. É só um olhar, pois o momento político não é bom. Não é esta a hora de vestir o melhor terno e acenar para o povo. Esta é uma das funções da janela. Hoje a janela do segundo andar onde as grandes decisões são tomadas parece não cumprir com um de seus propósitos: o de se mostrar.
Escorado em uma das laterais do segundo andar, vê o povo abaixo. O povo molhado, o povo gritando e queimando bandeiras. O povo não pede por ele. Outro propósito da janela: jogar migalhas. Não aos pombos como fazem as senhoras ao baterem suas toalhas de mesa. Desta janela, nesta sala, joga-se migalhas para as pessoas -um pouquinho disso um pouquinho daquilo e sigam suas vidas. A janela é novamente fechada.
Escorado na lateral, o olhar grita, pois do segundo andar, na sala do poder, saem as determinações, as ordens, as regulamentações, o controle da vida comum vivida por pessoas comuns que circulam abaixo. Não há espaço e tempo para contemplações.
A frieza do olhar é revelador, é igual a tantos outros retratados naquela mesma sala. As paredes da sala são decoradas com retratos daqueles olhares, a pose altiva de quem olha de cima, a bela farda com suas medalhas, os belos ternos parecem exigir esse olhar. O olhar de quem manda!
Repensando o pensado, aquele olhar parecia meio perdido como quem tenta compreender algo que lhe é estranho, procurando organizar as idéias. Será que o que vi naquele rápido cruzar foi insegurança? Penso que sim! Mas havia mais, havia incredulidade e essa reorganização das idéias que vi, lançava o olhar da vingança. O que observei era, em verdade, o patético inconformismo com a perda do controle!
A sala do General tão cuidadosamente pensada, talvez nunca tenha vivido momento semelhante. Revoltas aconteceram ao longo da história. Revoltas populares, o consenso, no entanto, o resultado final de optar por nada, de recusar as migalhas abrindo mão de tudo, já houve antes?
O olhar confuso é vingativo, portanto fiquemos em alerta! Os retratos nas paredes exigem autoridade. O olhar que vi não é histórico por ser diferente, mas sim por ser igual aos que vi retratados nas paredes do Salão Nobre da Prefeitura.
Escorado em uma das laterais de uma janela, uma janela planejada, não uma janela qualquer, mas uma dessas que servem a um propósito -todas permitem ver- esta, no entanto, parece atender a outros propósitos. Talvez apontar, identificar, planejar e ate executar.
A janela não é de uma casa qualquer, em que vizinhos observam o vai e vem de pessoas muitas vezes amigas, outras vezes não tecendo comentários, em que a mãe vigia os filhos, e o jovem corteja a jovem caminhante. Esta é uma janela construída por Generais, e, para estes a vida comum, o bate papo na janela não tem sentido. Este espaço propositalmente deixado em meio às resistentes paredes é um observatório.
Quantos Generais ali estiveram? Naquela mesma parede, com o mesmo objetivo? Em algum desses livros de história, aquela cena já foi retratada. A pessoa escorada na lateral, tomando o cuidado de não ser vista, no entanto deseja ver e lança o olhar. É só um olhar, pois o momento político não é bom. Não é esta a hora de vestir o melhor terno e acenar para o povo. Esta é uma das funções da janela. Hoje a janela do segundo andar onde as grandes decisões são tomadas parece não cumprir com um de seus propósitos: o de se mostrar.
Escorado em uma das laterais do segundo andar, vê o povo abaixo. O povo molhado, o povo gritando e queimando bandeiras. O povo não pede por ele. Outro propósito da janela: jogar migalhas. Não aos pombos como fazem as senhoras ao baterem suas toalhas de mesa. Desta janela, nesta sala, joga-se migalhas para as pessoas -um pouquinho disso um pouquinho daquilo e sigam suas vidas. A janela é novamente fechada.
Escorado na lateral, o olhar grita, pois do segundo andar, na sala do poder, saem as determinações, as ordens, as regulamentações, o controle da vida comum vivida por pessoas comuns que circulam abaixo. Não há espaço e tempo para contemplações.
A frieza do olhar é revelador, é igual a tantos outros retratados naquela mesma sala. As paredes da sala são decoradas com retratos daqueles olhares, a pose altiva de quem olha de cima, a bela farda com suas medalhas, os belos ternos parecem exigir esse olhar. O olhar de quem manda!
Repensando o pensado, aquele olhar parecia meio perdido como quem tenta compreender algo que lhe é estranho, procurando organizar as idéias. Será que o que vi naquele rápido cruzar foi insegurança? Penso que sim! Mas havia mais, havia incredulidade e essa reorganização das idéias que vi, lançava o olhar da vingança. O que observei era, em verdade, o patético inconformismo com a perda do controle!
A sala do General tão cuidadosamente pensada, talvez nunca tenha vivido momento semelhante. Revoltas aconteceram ao longo da história. Revoltas populares, o consenso, no entanto, o resultado final de optar por nada, de recusar as migalhas abrindo mão de tudo, já houve antes?
O olhar confuso é vingativo, portanto fiquemos em alerta! Os retratos nas paredes exigem autoridade. O olhar que vi não é histórico por ser diferente, mas sim por ser igual aos que vi retratados nas paredes do Salão Nobre da Prefeitura.
Relendo e pensando. O que terá restado? O que teremos/faremos neste no percurso que se inicia?
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