e-zinho
Janeiro do rolêzinho, ou do rolézinho, segundo o sotaque, espalhou-se pelo país. Muita conversa na mídia sobre o público e o privado. A convocação para o rolê(é)zinho só queria mostrar que a massa consumidora também tem estilo burguês e de shopping. Foi só assustá-los por instantes que o movimento passou a se deslocar para áreas públicas, ou seja parques, e obviamente com muito menos gente. Estes adolescentes somente queriam mostrar seus ídolos do facebook, suas vestimentas, dar uns beijos nas garotas, provocar um apavoramento momentâneo nos habitués com corre-corres pelos espaços dos shoppings. Eles se dizem moderados, como se espera. Estão distantes das contestações, só querem ser vistos pelos outros, tanto quanto o são no facebook e correlatos. O resto é conversa mole, pausada, repleta de boas intenções. Como sempre, seus líderes rapidamente são capturados pelos partidos políticos.
vândalos
A expressão pegou. Designa tudo o que os moderados não desejam. E as práticas de movimento de contestação se tornam rotina em protestos localizados. Queimam-se ônibus aqui e ali. A população pobre e conformada fica brava. Afinal, o transporte público é deficiente e cada manifestação é um atraso na hora de ir para o trabalho ou voltar para casa. A população pobre dá pouca atenção para o uso da força repressiva nas periferias. Ela deseja segurança a qualquer custo. Os protestos com queima de ônibus não notaram que essa tática entrou em baixa e que é preciso ser mais incisivos, inventivos e menos óbvios.a nova série Na primeira da série de manifestações marcadas contra a Copa do Mundo de Futebol a polícia exibiu sua covardia contumaz. Encurralou mais de 100 manifestantes em um hotel, prendeu 148 pessoas e feriu, quase mortalmente, um rapaz que voltava para casa. O secretário de segurança do estado de São Paulo alegou que os disparos foram em legítima defesa: três homens armados contra um rapaz com um estilete não deixa dúvida de quem estava se defendendo. Dois disparos foram deferidos, sendo um contra sua genitália. A brutalidade da polícia, embora tente, não vai conterá o tesão de quem se lança de corpo inteiro às ruas. É preciso escandalizar contra essa produção em série de amarildos, douglas e, agora, fabrícios.
inhas
Pedrinhas ganhou estrondosa manchete na mídia. A prisão maranhense expõe o lixo humano que a sociedade produz, os governantes administram e as forças organizadas dos prisioneiros disputam. Reabriu-se o festival de palavrório sobre direitos humanos, repressão e organização da prisão e suas necessárias reformas. Tudo vai se ajeitando para o governo compartilhado desta prisão entre governantes, empresários e força hegemônica dos encarcerados que os dominam. Este modelo paulista tende a se instituir com as devidas modulações. Nestas horas, uma força-tarefa do judiciário aparece para simular dar conta do que regularmente é incapaz, ou seja, rever processos, libertar os que já cumpriram penas, redefinir penalizações etc e tal. A coisa fervente fica morna até a próxima matança entre as forças de encarcerados em disputa. Isso é a prisão hoje. Seus resultados: prisão de segurança máxima, gestão público-privada, governo autoritário dos presos pelos próprios presos, promovendo a gestão democrática da segurança.
sem ar
A empolgação de comentaristas com o fogo dos protestos por mais “democracia” em favor da aproximação da Ucrânia à União Europeia, cedeu lugar à atenção com o fortalecimento de inúmeros grupos fascistas. Entretanto, se a empolgação cedeu à recalcitrância, certos libertários afirmaram desde o início das manifestações que a construção da oposição entre a defesa do alinhamento com a União Europeia ou Rússia não passou de “falsa escolha”. Tanto a busca pelo “paraíso europeu” como a permanência do enredamento à Rússia se assentam na continuidade da velha política, isto é, das infindáveis violências do Estado. O fogo da Ucrânia, apesar das chamas, não empolga porque não possui ar.
trapaça
Em 18 de dezembro foi aprovada pelo parlamento russo uma proposta de anistia, em comemoração aos 20 anos da Constituição, que pretendia a soltura de cerca de 25 mil presos. Seriam anistiados: condenados quando eram menores de 18 anos; grávidas e mães de filhos menores de 18 anos; mulheres maiores de 55 e homens maiores de 60 anos; militares, soldados e veteranos de guerra; inválidos; e condenados sob o artigo 213 do Código Penal Russo – os vândalos. Dentre os anistiados, estavam duas integrantes da Pussy Riot, presas por “incitação ao ódio religioso” e “vandalismo” (as duas também têm filhos pequenos). Ao saírem da prisão, no dia 23 de dezembro, dispararam: não se trata de uma anistia, trata-se de uma “trapaça”. E alertaram frente às câmeras e aos microfones para o horror e a seletividade das prisões. Muitos dos milhares que seriam anistiados continuam encarcerados. Entre eles, jovens anarquistas como Alexei Polikhovich, Stepan Zimin e Irina Lipskava.
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