Nesta Conversação Libertária, o cúmplice Thiago Rodrigues - Professor no Departamento de Estudos Estratégicos e Relações Internacionais da UFF e Pesquisador no Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol) da PUC-SP, nos apresenta suas pesquisas sobre a noção política na perspectiva agonística: a vida como incessante combate.
Sua generosa participação nesta conversa franca vem a contribuir para ampliar as possibilidades do anarquismo na atualidade.
Resumo de sua fala:
Em um dos seus últimos escritos, intitulado "O sujeito e o poder", de 1984, Michel Foucault (1926-1984) afirmou que nunca pretendeu produzir uma teoria do poder, mas sim compreender como que cada corpo, cada singularidade somática, era constituída como um sujeito. Para tanto, o filósofo sentiu a urgência em deslocar-se das teorias clássicas do poder, alicerçadas sobre um modelo que tomava o poder como força repressiva exercida sobre todos a partir de um centro. Isso porque, desde seus estudos sobre o poder psiquiátrico, Foucault notara que as relações de poder se davam em múltiplas e simultâneas dimensões, provocando resistências e sujeições, induzindo comportamentos, conduzindo condutas, fazendo falar e não apenas calar.
As relações de poder se aproximariam, então, muito mais de relações de combate, do que meras dominações articuladas a partir de autoridades constituídas e instituições. Por isso, a perspectiva do combate seria, para Foucault, uma hipótese de análise mais interessante para estudar as relações de poder. Essa noção de poder aproximava-se do conceito grego de agon, enfrentamento constante não necessariamente violento, mas que pautaria todas as relações humanas. Assim, tomando as relações de poder como uma guerra infindável, uma sucessão incontornável e cotidiana de situações estratégicas, Foucault retomou uma tradição acerca das relações de poder, da definição de política e da vida social que remontava aos pré-socráticos como Heráclito de Éfeso (535 a.C. -- 475 a.C.) e que fora soterrada por dois milênios de platonismo até ser reativada por homens como Friedrich Nietzsche (1844-1900). Antes dele, porém, o anarquista Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) formulou uma original análise das relações de poder, da guerra e da paz, em escritos como La guerre et la paix (1861) e Do Princípio Federativo (1863), que se voltavam ao princípio da vida como combate causando polêmica e rechaço entre a maioria dos anarquistas, socialistas e conservadores de seu tempo.
A perspectiva agonística do poder será apresentada a partir de uma leitura de Foucault e Proudhon, passando por Nietzsche, que compreende a política não apenas como o que acontece na esfera institucional (partidos, parlamentos, eleições), mas como o ambiente no qual vivemos, vencemos, cedemos, resistimos. Tal perspectiva pode ser acionada como método para uma analítica do presente interessada em ativar a coragem de luta de uma ética voltada às invenções de si que se dão em meio as intermináveis lutas que geram sujeições e liberações. Thiago Rodrigues.
buscado em: http://www.youtube.com/watch?v=cjyCfXH7fVA
Sua generosa participação nesta conversa franca vem a contribuir para ampliar as possibilidades do anarquismo na atualidade.
Resumo de sua fala:
Em um dos seus últimos escritos, intitulado "O sujeito e o poder", de 1984, Michel Foucault (1926-1984) afirmou que nunca pretendeu produzir uma teoria do poder, mas sim compreender como que cada corpo, cada singularidade somática, era constituída como um sujeito. Para tanto, o filósofo sentiu a urgência em deslocar-se das teorias clássicas do poder, alicerçadas sobre um modelo que tomava o poder como força repressiva exercida sobre todos a partir de um centro. Isso porque, desde seus estudos sobre o poder psiquiátrico, Foucault notara que as relações de poder se davam em múltiplas e simultâneas dimensões, provocando resistências e sujeições, induzindo comportamentos, conduzindo condutas, fazendo falar e não apenas calar.
As relações de poder se aproximariam, então, muito mais de relações de combate, do que meras dominações articuladas a partir de autoridades constituídas e instituições. Por isso, a perspectiva do combate seria, para Foucault, uma hipótese de análise mais interessante para estudar as relações de poder. Essa noção de poder aproximava-se do conceito grego de agon, enfrentamento constante não necessariamente violento, mas que pautaria todas as relações humanas. Assim, tomando as relações de poder como uma guerra infindável, uma sucessão incontornável e cotidiana de situações estratégicas, Foucault retomou uma tradição acerca das relações de poder, da definição de política e da vida social que remontava aos pré-socráticos como Heráclito de Éfeso (535 a.C. -- 475 a.C.) e que fora soterrada por dois milênios de platonismo até ser reativada por homens como Friedrich Nietzsche (1844-1900). Antes dele, porém, o anarquista Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) formulou uma original análise das relações de poder, da guerra e da paz, em escritos como La guerre et la paix (1861) e Do Princípio Federativo (1863), que se voltavam ao princípio da vida como combate causando polêmica e rechaço entre a maioria dos anarquistas, socialistas e conservadores de seu tempo.
A perspectiva agonística do poder será apresentada a partir de uma leitura de Foucault e Proudhon, passando por Nietzsche, que compreende a política não apenas como o que acontece na esfera institucional (partidos, parlamentos, eleições), mas como o ambiente no qual vivemos, vencemos, cedemos, resistimos. Tal perspectiva pode ser acionada como método para uma analítica do presente interessada em ativar a coragem de luta de uma ética voltada às invenções de si que se dão em meio as intermináveis lutas que geram sujeições e liberações. Thiago Rodrigues.
buscado em: http://www.youtube.com/watch?v=cjyCfXH7fVA
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