sobre os juízes de plantão
Juízes de plantão em suas reportagens e colunas situadas em jornais de grande circulação seguem sentenciando como vandalismo certas manifestações ocorridas em vários cantos do Brasil. Lançando mão de dados estatísticos, argumentam que, em comparação com os protestos de junho, os ocorridos durante o 7 de setembro, indicaram aumento da “violência” por parte dos manifestantes. Não é preciso ter estudado matemática para concluir exatamente o contrário do que visam provar os números expostos por tais juízes. Se houve, como apontam os quaisquer limitados estatísticos, redução do número de pessoas presentes nos protestos da última semana e aumento do número de prisões, escancara o óbvio. A violência é o Estado, a polícia, seus juízes de toga ou não.
sobre as carpideiras revolucionárias
Um jornalista estadunidense lamurioso, viúvo confesso do movimento Occupy Wall Street, condenou o que identificou como violência Black Bloc nos protestos ocorridos no Brasil. Segundo o laureado jornalista, as ações anticapitalistas, para além de afastar a “massa” das ruas, não respeitam as reivindicações formuladas pelo que cunhou de “maioria”. Ao que parece, o viúvo, mesmo tendo nascido ao norte da América, clamando ser de esquerda e trabalhar como escritor, desconhece ou ignora covardemente a afirmação vital de Henry David Thoreau, ainda no século XIX, sobre a maioria e a produção do homem comum. Segundo Thoreau, esse homem comum – que se acha tão peculiar – se arrisca a viver somente com a ajuda da companhia de Seguros Mútuos, que lhe prometeu um enterro decente. É preciso se afastar das carpideiras, ainda que estas se proclamem revolucionárias. não há paz e amor Foram presos, nos últimos dias, cinco jovens acusados pela polícia de formação de quadrilha armada e incitação à violência, a partir de investigações realizadas na página Black Bloc RJ e nos perfis de seus membros no Facebook. Poucos dias antes das manifestações marcadas para o dia 7 de setembro, celebridades e intelectuais se reuniram com o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, pedindo a diminuição da ação da polícia para atenuar a violência nas manifestações. Porém, as forças se mostram claras: de um lado, a polícia – de todo e qualquer tipo – e de outro, aqueles que não a suportam. Aquele que se diz neutro ou indiferente está acomodado ao lado do mais forte. Não há paz e não há amor quando se trata de resistências a uma história de massacres incessantes cobertos de verde e amarelo em defesa da segurança e das propriedades.
violento é o Estado!
Atualmente, centenas de pessoas têm sido presas e investigadas sob a acusação de vandalismo em todo o planeta. No entanto, nem todas as acusações de vandalismo se pautam no incomodo “quebra-quebra”, como é o caso das pussy riots, presas devido a uma ação que durou cerca de 40 segundos e na qual nenhum bem foi destruído. Essas acusações, geralmente, são sustentadas ao serem combinadas a outros supostos crimes, sendo a “incitação de violência” umas das mais usuais. A luta contra o capitalismo e a propriedade parece constituir uma grave ameaça aos “cidadãos de bem”, tendo em vista que não se vandaliza pessoas, mas propriedades. E a maioria, burra e horrorizada, deseja cessar a “violência incitada” em detrimento da violência escancarada da polícia que se exerce incessantemente em torturas, mortes e encarceramentos de gentes.
democracia e autoritarismo
Ouve-se muitos elogios à simplicidade e alegado arrojo exemplar do presidente do Uruguai. Celebra-se a vida simples do condutor e as medidas vistas como progressistas de seu governo. Mas notícias sinistras, não publicadas na grande imprensa, chegam por aqui. O país que é o novo destino turístico da classe média brasileira está perseguindo militantes de direitos humanos, reprimindo duramente manifestações dos movimentos sociais e estudantis, espionando e sequestrando anarquistas. Uma nota para lembrar aos que se animam com “avanços” e mudanças produzidas no e pelo Estado, que nisso, devem engolir o pacote: mais polícia, vigilâncias e monitoramentos e o autoritarismo contra os que discordam do bom caminho traçado pelo governo. Mesmo que se viva, formalmente, sob um regime democrático.
em tempo:
Nesta semana, no dia 11 de setembro, faz 40 anos que as forças militares, ordeiras e ditas majoritárias, com seus policiais e torturadores, em nome da propriedade privada e de sua democracia deram um golpe de Estado e instituíram a ditadura no Chile sobre um governo democraticamente eleito (segundo os moldes da democracia burguesa) e pacífico. Com o apoio dos Estados Unidos e do Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário