Passarinho. Estrela. Essas eram palavras que um editor, torcedor da estrela solitária alvinegra, gostava. Robson, apaixonado pela vida, pelas coisas boas da vida. Gostava de cachaça, de torresmo, de chouriço, de feijoada no Floresta, no meio da mata e do doce “mineiro de botas” no Aurora, seu bar preferido em Botafogo. Torcedor de radinho, de TV e de arquibancada. Robinho, mais um Chopp? Claro! Coloria seu alvinegro com o verde e rosa da Mangueira e com o vermelho e negro da anarquia. Piadista, bonachão, glutão. Recebia a todos em sua casa com um almoço delicioso! Também um saltimbanco iconoclasta. Homem de excessos e gigantesco em generosidades, sem o peso de pagar preços, apenas se entregava ao prazer de uma cachaça, de uma conversa, de uma companhia nos encontros sobre a anarquia, literatura, futebol, amor, paixão e amizades, sobre o planeta e suas coisas esquisitas. Homem imenso, não coube em si. Um insurgente!
Achiamé. Uma estrela solitária a editar palavras da anarquia. Interessado em jazz e no amor livre, preocupadoem atiçar e alertar os desavisados, a sacudir o conforto dos covardes, dos omissos e dos doutrinários. Literatura e anarquia, parceria inseparável. Impaciente com o mercado, não tinha CNPJ e nem emitia nota fiscal. Editou muitos clássicos, mas foi um dos únicos a editar anarquia hoje, em português, de autores que o mercado editorial simplesmente desconhecia. Inventou uma revista, a letralivre, que conversava com as edições dos jornais históricos da anarquia no Brasil, ao mesmo tempo que se aproximava dos fanzines anarco-punks. Foi responsável pela reativação do boletim do CCS-SP, encalacrado há mais de uma década, que sem ele segue sem ser impresso. Diagramou e imprimiu por conta própria. Distribuía suas edições e de companheiros pelo correio. Não existe história e memória da anarquia no Brasil sem ele. Brincava com as palavras impressas e as páginas de dizeres e imagens como uma criança grande. Editor incontornável, homem extraordinário. A anarquia sabe o tamanho que ele tem. Um instaurador!
Robson Achiamé, amigo querido, sua grandeza estelar ficou impressa nas páginas que combateram e combatem a favor da liberdade e contra a pequenez de picuinhas. Nas suas edições não havia seletividades: publicava todas as caras e ações dos anarquismos. A estrela solitária brilha, verde, rosa, branca, negra e vermelha. Daqui, saudamos e brindamos a sua existência! Tristes, pela certeza da impossibilidade do reencontro; alegres e fortes, pelo que imprimiu em cada um dos anarquistas. Amou as palavras para jamais usá-las com soberba. Um editor da anarquia! Simplesmente anarquista!
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